Um fenômeno curioso começou a circular na internet: pessoas estão comprando pacotes de código que prometem mudar radicalmente o comportamento de chatbots, simulando estados mentais associados ao uso de substâncias psicoativas. A proposta é simples — e provocativa —: fazer com que IAs como o ChatGPT respondam de forma menos lógica, mais imaginativa e, em alguns casos, quase mística. O caso foi investigado pela revista WIRED e levanta debates sobre criatividade artificial, limites técnicos e até filosofia da mente.
Um “laboratório criativo” feito de linhas de código
Por trás da ideia está o sueco Peter Rudwall, diretor criativo que decidiu transformar referências culturais e estudos sobre drogas psicoativas em módulos digitais. Ele criou o Pharmaicy, um site que comercializa códigos capazes de alterar o estilo de resposta de modelos de linguagem, simulando efeitos associados a substâncias como cannabis, cocaína, quetamina, ayahuasca e álcool.
Esses códigos não fazem a IA “sentir” nada, obviamente. O que eles fazem é interferir na forma como o modelo organiza linguagem, associa ideias e constrói respostas, reduzindo a rigidez lógica e incentivando caminhos menos previsíveis. Rudwall diz que se inspirou em relatos humanos e pesquisas psicológicas para tentar replicar, no plano textual, padrões associados a estados alterados de consciência.
Segundo ele, a motivação vem da própria história da arte. Muitos criadores recorreram a substâncias para romper bloqueios criativos — e a curiosidade foi saber se algo semelhante poderia acontecer com uma “mente artificial”.
O que muda quando a IA é “desinibida”
Para usar os módulos, é necessário ter acesso a uma versão paga do ChatGPT, já que o processo envolve enviar arquivos que influenciam o comportamento do modelo durante a conversa. Depois disso, o chatbot passa a responder de maneira perceptivelmente diferente.
